Nossos “novos” tempos
- Publicado em Entre Xis e Ipsilônes
Que tempos são esses que enfrentamos
Em que sofremos com o pão que não amassamos?
Que é que acontece
Que até de nossa história o povo se esquece?
Que tempos são esses que enfrentamos
Em que sofremos com o pão que não amassamos?
Que é que acontece
Que até de nossa história o povo se esquece?
A imaginação é substância volátil
Planando em território tátil
A transmutar o que a realidade oculta,
A pulsar valente o que ao óbvio insulta.
Não quero entrar em parafuso,
Paranóia.
Não quero ser para-raios de outras histórias,
Cair de paraquedas no meio de um abismo que não é meu.
Não quero perder tempo a observar para-brisas
Em dia de tempestade a castigar.
Se fosse possível traduzir a vida em palavras, arriscaria dizer que a obviedade do efêmero é sentença que recai sobre a cabeça de quem - ou o quê – está pelo mundo. Acrescentando-se a esta pétrea certeza, existem outros fatores que não só a torna estúpida como também cansativa: a involuntária ginástica do acordar e adormecer, do cair e levantar, nascer e morrer. São mecanismos que não se ensaiam, não podem ser simulados. Acontecem e ponto final.
O Recomeço
Moldo do destroço.
Monto o que se quebrou,
Ergo o que restou
Para ressignificar a partida
E transformar o que sobra da vida.
Axí, credo!
A menina aqui paga mais que os outro. Mas óia! Tô pá te falá que o serviço por aqui é dobrado tomém. É roupa suja de monte, tudinho numa bagunça que – Ai, papai! – só pedindo a Deus Nosso Senhô pra dá força pra eu consegui deixa na ordem.
Valei-me, Nosso Senhô!
É de lá do mar
Que ouço um chamado,
Um suave sussurro salgado,
Para navegar e entregar ao outro lado
Aquilo que já não posso suportar.
Sem luz. Sem sons fortes. Sem possibilidade de movimentação. O breu era constante e a vida escorria das mãos daquele homem tal qual água escapa fácil pelo ralo.
Mãos à obra: Lise em seu atelier. (Foto: Arquivo da Família)
Quando conheci Lise, tinha eu 26 anos. Apesar da juventude, as peças pregadas pela vida me fizeram perder um pouco a fé na humanidade. Poucas pessoas me surpreenderam positivamente por possuir uma história e um exemplo frente aos demais.
Nascera no seio da esperança
A despeito de um tempo em que o bem perdia lugar na contradança.
Nascera com os gritos do proibido,
Da lancinante dor dos desvalidos,
A reunir forças na vontade insubmissa
Em busca de um pouco de valor, dignidade e justiça.